Seu pensamento filosófico não era um exercício acadêmico: de ponta a ponta, ele está atravessado pela corrente elétrica da indignação – um sentimento de revolta que não pode ser dissolvido «nas águas mornas da resignação consensual». Ele só tinha desprezo por aqueles que chamava « Homo resignatus », os intelectuais e políticos que se reconhecem de longe por sua passiva aceitação da impiedosa ordem estabelecida.
Em Bensaïd, a revolução deixa de ser considerada como o produto necessário das leis da história, ou das contradições econômicas do capital, para se tornar uma hipótese estratégica, um horizonte ético, « sem oqual a vontade renuncia, oespírito de resistência capitula, a fidelidade é quebrada e a tradição é perdida ». Por conseguinte, o revolucionário é um ser humano que duvida, um indivíduo que coloca uma energia absoluta ao serviço de certezas relativas. Em outras palavras, alguém que tenta, obstinadamente, levar em prática a exigência colocada por Walter Benjamin em seu último escrito, as Teses sobre o conceito de história, (1940) : escovar a história à contra-pêlo.
Michael Löwy