Eis que embarcamos em una transição incerta, em que o velho agoniza sem ser abolido, o novo pena para eclodir, entre um passado não ultrapassado e a descoberta balbuciante de um novo mundo em gestação. Nessa passagem difícil, a tentação de se apegar a poucas conquistas de eficácia comprovadamente polêmica seria tão estéril quanto aquela da tábula rasa, que pretenderia (re)começar tudo a partir do nada. É com o antigo que realmente se faz o novo.
Diante das loucuras nas quais o século XX foi pródigo, não se trata de se recolher à Linha Maginot do racionalismo clássico e ao seu ideal de verdade, mas de encarar o desafio da pós-modernidade admitindo sua parte pertinente. Os irredutíveis: teoremas da resistência para o tempo presente constitui uma crítica do caldeirão de cultura pós-moderna e dos novos idolos de cinzas.
Daniel Bensaïd